Uma Casa em Fanicos - 1999 - RTP1


O Tio Nico é um senhor. Um cavalheiro. Um bom-vivant. Solteirão convicto, vive em casa da sua irmã divorciada, Constança, e das cinco filhas desta, com idades entre os 20 e os 35 anos. É “o homem da casa”, num lar que prima pela ausência de um marido e de um pai – deste modo cómoda e convenientemente reunidos na figura do “Tio”.
Nicolau nunca fez nenhum na vida, mas sempre viveu bem. Delapidou a herança razoável deixada pelos seus pais numa vida bem folgada e numa série de iniciativas empresariais absurdas e desastrosas.
Quando a sua irmã se divorciou de Artur, um empresário de sucesso que a deixou com uma pensão bastante confortável, foi imediatamente convidado para ir morar na sua casa no Restelo. Nicolau, naturalmente, aceitou a proposta, em virtude de estar a atravessar “um delicado momento financeiro”…
Nicolau é um homem muito complexo, cheio de frustrações, medos e inseguranças, que o mantêm constantemente num estado de ansiedade em que desespera por “fazer algo importante” que lhe permita criar um status próprio e manter a sua dignidade perante os outros. No entanto, e porque tem uma imagem exagerada de si próprio e das suas capacidades, a maneira de Nicolau “fazer algo importante” é idealizar a sua participação em todas as coisas, apresentando-se quase como um super-homem, quer na resolução dos problemas pessoais da sua família, quer ao empreender as mais brilhantes e frequentemente absurdas iniciativas empresariais.
Apesar da genuína boa vontade de Nicolau em relação à irmã, às suas sobrinhas e ao mundo dos negócios, a verdade é que o seu mundo tem muito pouco contacto real com o mundo moderno – originando por esse motivo as mais frequentes confusões e embrulhadas, das quais é invariavelmente salvo pela intervenção carinhosa ou das sobrinhas ou da própria irmã.



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